A Educação Musical no Brasil, bem como a Educação, vem passando por um processo de problematização de suas práticas, concepções e políticas públicas na área, uma vez que a própria sociedade está em transformação.
Com a alteração da LDB a partir da Lei n. 11.769 de 11 de agosto de 2008 1, a educação brasileira volta a reconhecer a Música como disciplina na educação básica, o que traz um campo aberto aos educadores musicais nas escolas brasileiras.
Primeiro, é a questão de acesso à formação de profissionais na área de Educação Musical. Algumas universidades e o próprio MEC já vêm recorrendo há alguns anos à Educação à Distância como modalidade para favorecer o acesso à formação acadêmica e continuada. O programa Universidade Aberta do Brasil (UAB)2, do Ministério da Educação é um exemplo de iniciativa para favorecer a ampliação na formação de professores, utilizando-se da modalidade Educação à Distância para a oferta de Ensino Superior.
Educação à Distância, segundo Moran3 “é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente.” O mesmo autor4 vislumbra que essa modalidade tenderá a aumentar ao longo dos próximos anos, bem como a utilização das tecnologias de informação serão incorporadas à Educação de forma que os cursos serão mais flexíveis quanto às necessidades vigentes, utilizando aulas presenciais e virtuais.
Assim, percebe-se que a Educação à Distância (EaD) torna-se um instrumento a favor do acesso à formação em Educação Musical para um número maior de futuros profissionais na área, uma vez que, principalmente para um público de estudantes que trabalham (havendo a questão da disponibilidade de horários) e moram em regiões de difícil acesso a um curso universitário em Educação Musical (questão espacial), a EaD por sua flexibilidade espaço-temporal, atende essas necessidades.
Segundo, a questão é quanto a qualidade na formação em Educação Musical. Com o desenvolvimento de novas tecnologias da informação aliadas ao processo educacional, os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs) surgem com possibilidades de favorecer a interação por meio de ferramentas de comunicação online, como fóruns, chats, glossários, diários, wikis, e outros, para que o conhecimento seja construído coletivamente.
Entende-se que o processo ensino-aprendizagem deve-se basear na interação entre professor-conhecimento-aluno-conhecimento-aluno, e no caso de EaD, temos também a atuação de tutores virtuais que mediam a relação entre alunos e professores. Os conhecimentos teóricos que são trabalhados através da interação, constituem uma dialética entre os conhecimentos prévios dos alunos e o material estudado, e quando esses são postos em discussão numa construção coletiva, o processo de aprendizagem é favorecido.
Na questão da formação musical, temos ainda a relação com a execução musical, o trabalho com grupos, a interação com os alunos, e nesse sentido, se faz necessário aulas vivenciais para o exercício de técnicas estudadas e recriadas, além da importância de um estágio onde se coloque na prática os conhecimentos elaborados. Não é possível pensar na formação do educador musical sem a experiência da relação humana concreta, pois a sensibilidade ao outro e à dinâmica de um grupo é primordial no desenvolvimento educacional e artístico, principalmente se tratando de um público de crianças e/ou jovens, e pessoas com mais de 65 anos.
A formação ética e moral desse profissional deve ser realmente efetiva, uma vez que a facilidade de se plagiar ou desrespeitar direitos autorais devido o acesso a informações que a internet possibilita tem que ser levado em consideração. Da mesma forma que se quer garantia de direitos quando se produz um bem intelectual/artístico/cultural, também deve-se primar no educador musical o respeito ao trabalho alheio e o dever de formar em seus alunos essa consciência ética.
Assim, o futuro do Educador Musical será permeado pelo uso das novas tecnologias, tanto na ação musical, como na possibilidade de acesso a uma formação profissional que espera-se ser de qualidade, para a missão de resgatar a cultura musical brasileira, o prazer de ouvir e fazer música por meio da educação.Débora Priscila Panhoto - texto escrito em 05/06/2009.
Referências Bibliográficas:
1 - PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei 11.769 de 11 de agosto de 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Lei/L11769.htm>. Acesso em: 05 de jun. 2009.
2 – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Universidade Aberta do Brasil. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12265:uab-universidade-aberta-do-brasil&catid=248:uab-universidade-aberta-do-brasil&Itemid=510> .
Acesso em: 05 de jun. 2009.
3 – MORAN, J.M. O que é educação a distância. Disponível em : <http://www.eca.usp.br/prof/moran/dist.htm>. Acesso em: 05 de jun. 2009.
4 - MORAN, J.M. Tendências da educação online no Brasil. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/tendencias.htm>. Acesso em: 05 de jun. 2009.
IMAGENS:
EAD. Disponível em: <http://carreiradeti.com.br/wp-content/uploads/2008/12/ead.jpg>. Acesso em: 05 de jun. 2009.
000154. Disponível em: <http://www.netpar.com.br/fernandobit/000154.jpg>. Acesso em: : 05 de jun. 2009.
ELETRO. Disponível em: <http://www.overmundo.com.br/overmixter/cctemplates/overmixter/eletro.jpg>. Acesso em: : 05 de jun. 2009.
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